01 set O poder no mercado: entre mestres-cervejeiros e marketólogos
No universo da cerveja artesanal, uma pergunta instigante ronda mesas de bares, feiras e até salas de reunião de grandes marcas: quem manda mais no mercado — os mestres-cervejeiros que criam receitas únicas ou os estrategistas de marketing que posicionam essas cervejas no mercado?
De um lado, estão os artesãos da bebida, responsáveis por transformar ingredientes em experiências sensoriais memoráveis. Do outro, estão os profissionais que sabem como transformar essas experiências em narrativas capazes de conquistar consumidores, gerar desejo e, claro, vender.
Essa disputa — ou talvez, parceria necessária — abre um campo fértil de discussão para quem busca compreender como as decisões de produção e comunicação impactam o mercado de cervejas artesanais e, em um sentido mais amplo, qualquer segmento onde produto e marketing caminham juntos.
Vamos aprofundar essa reflexão.
O mestre-cervejeiro: a alma da criação
O mestre-cervejeiro é o artista e cientista por trás de cada gole. Sua função vai muito além de seguir receitas: ele interpreta tendências, ajusta combinações de lúpulos, maltes, leveduras e especiarias e dá vida a algo único.
Na prática, o trabalho do mestre-cervejeiro envolve:
- Inovação constante: testar estilos diferentes, ousar em ingredientes inusitados e surpreender o público.
- Qualidade técnica: manter consistência em processos, atender normas de segurança e garantir sabor equilibrado.
- Sensibilidade cultural: criar cervejas que dialoguem com o gosto de determinada região ou que reflitam movimentos sociais e comportamentais.
Sem o mestre-cervejeiro, não há produto. Ele é o ponto de partida, a matéria-prima de todo o restante. É dele a responsabilidade de traduzir em líquido aquilo que será mais tarde traduzido em narrativa.
O estrategista de marketing: o maestro da percepção
Por outro lado, o estrategista de marketing é o profissional que garante que essa criação não seja apenas uma obra-prima esquecida em prateleiras. É ele quem entende o público-alvo, define os canais de comunicação e constrói um posicionamento que transforma cerveja em marca.
Entre suas principais funções, destacam-se:
- Análise de mercado: entender tendências, comportamento do consumidor e mapear concorrência.
- Storytelling: transformar o rótulo em narrativa, criar campanhas que conectem emoção e consumo.
- Experiência de marca: pensar em ativações, eventos, degustações e estratégias digitais que ampliem a presença da cerveja.
- Precificação e distribuição: definir em quais canais a cerveja deve estar, quanto deve custar e como se diferenciar no ponto de venda.
O estrategista não cria o sabor, mas cria a percepção. E, em mercados competitivos, a percepção é tão ou mais importante que a qualidade — basta pensar em quantas cervejas excelentes ficam invisíveis sem marketing e quantas medianas conquistam espaço graças a estratégias bem executadas.
O dilema: qualidade vence marketing ou marketing vence qualidade?
Aqui está o ponto central da discussão. Para muitos apaixonados pela cerveja artesanal, qualidade sempre deveria ser o que mais importa. Afinal, a autenticidade é o coração desse movimento que nasceu como resistência às produções em massa.
Mas a realidade do mercado é um pouco mais dura. Uma cerveja excepcional pode não sobreviver se não tiver visibilidade, enquanto uma cerveja apenas boa pode ganhar projeção se estiver amparada por uma estratégia criativa.
Podemos resumir assim:
- Cerveja sem qualidade: não se sustenta a longo prazo, pois consumidores eventualmente percebem.
- Cerveja sem marketing: corre o risco de não ser descoberta, permanecendo limitada a nichos muito restritos.
- Cerveja com qualidade e marketing: atinge o equilíbrio ideal, conquistando mercado e fidelizando clientes.
A pergunta “quem manda mais” pode, portanto, ser menos relevante do que a pergunta “como os dois podem caminhar juntos”.
Exemplos do mercado: quando cada lado brilha
Quando o mestre-cervejeiro domina
Algumas cervejarias artesanais cresceram basicamente pela força da reputação de seus mestres-cervejeiros. São casos em que a inovação no copo foi tão impactante que gerou boca a boca natural, atraindo mídia espontânea e conquistando reconhecimento sem grandes investimentos em publicidade.
Um exemplo é a ascensão de estilos ousados, como sours frutadas, imperial stouts com café ou pastry beers, que ganharam fãs por serem novidades de sabor inconfundível.
Quando o marketing faz a diferença
Por outro lado, existem cervejarias que se destacam não necessariamente pela ousadia das receitas, mas pelo poder de suas marcas. Rótulos criativos, campanhas digitais bem-humoradas, ativações em festivais e parcerias com influenciadores já foram suficientes para colocar certas cervejas no radar de consumidores que talvez nunca chegassem até elas apenas pelo sabor.
Nesses casos, o produto pode até ser bom, mas é o marketing que cria desejo, faz fila no lançamento e gera relevância.
A era digital e o poder do marketing cervejeiro
Se há uma área em que os estrategistas de marketing ganharam força nos últimos anos, foi no ambiente digital. Redes sociais como Instagram e TikTok transformaram a forma como consumidores descobrem novas cervejas.
Um rótulo fotogênico, uma campanha que vira meme ou um vídeo de harmonização bem produzido podem ter impacto imediato em vendas. Mais do que isso, permitem criar comunidades em torno de uma marca, um ativo poderoso em um mercado em expansão.
Ao mesmo tempo, isso pressiona os mestres-cervejeiros a pensarem em criações que não apenas tenham sabor, mas que também sejam instagramáveis, contem histórias e se encaixem em narrativas digitais.
Colaboração, não competição
Voltamos, então, à pergunta inicial: quem manda mais?
A resposta mais honesta talvez seja: nenhum dos dois manda sozinho. O mercado moderno é regido pela colaboração. O mestre-cervejeiro entrega autenticidade, sabor e inovação; o estrategista de marketing entrega alcance, desejo e escala.
Se um lado falha, o outro sofre. Uma cervejaria que investe só em produto pode permanecer invisível. Uma que investe só em marketing pode viver de “fogo de palha”. Mas juntas, essas forças constroem marcas duradouras.
O que as cervejarias artesanais podem aprender com esse equilíbrio?
- Invista em storytelling desde a produção: um mestre-cervejeiro que já pensa em como contar a história da sua criação facilita o trabalho do marketing.
- Construa marcas autênticas: marketing não é apenas publicidade, mas alinhar comunicação e essência do produto.
- Escute o consumidor: dados digitais podem ajudar a guiar inovações, mostrando quais estilos têm mais potencial de aceitação.
- Mantenha a consistência: tanto no copo quanto na comunicação, coerência é chave para fidelização.
Duas forças que se completam
O mercado de cerveja artesanal, como qualquer outro segmento, mostra que não existe produto forte sem marketing nem marketing sustentável sem produto forte. Mestres-cervejeiros e estrategistas de marketing não são rivais, mas sim aliados indispensáveis para que uma marca cresça e sobreviva em um cenário competitivo.
No fim, quem “manda mais” é o consumidor, que decide o que comprar — e ele é conquistado tanto pela qualidade da bebida quanto pela forma como essa bebida é comunicada.
E aqui entra a Part Comunicação
Se você é mestre-cervejeiro, dono de cervejaria ou profissional do setor e quer levar sua marca para o próximo nível, a Part Comunicação pode ser a ponte entre o sabor que você cria e o público que deseja alcançá-lo.
Especializada em estratégias digitais que conectam marcas e consumidores, a Part entende que marketing não substitui qualidade, mas potencializa seu alcance. É nesse equilíbrio que negócios se tornam memoráveis.
Porque no mercado cervejeiro — assim como em qualquer outro — não basta ter um bom produto. É preciso ter uma boa história para contar, no canal certo, para o público certo.